“Ela teria que deixar para trás as
pessoas que amava”.
Eu comecei a ler Quando você voltar com altas expectativas. Muito altas. Porque o
outro título da autora, O caminho para casa, se tornou um dos meus livros
preferidos, e eu estava ansiosa para embarcar mais uma vez na escrita maravilhosa
de Kristin Hanna.
Devo dizer que as expectativas foram atingidas.
Talvez não tenham sido superadas (mas tudo bem, eu sou muito exigente mesmo),
porque O caminho para casa ainda é imbatível para mim, porém que sei que não
estou sendo justa com essa comparação (inevitavelmente feita) e com o trabalho
impecável mais uma vez desenvolvido pela autora. Quando você voltar também é um belo livro, provavelmente vai se
tornar o favorito de muitas pessoas, e a forma como a autora nos prende à
história e aos personagens continua única.
Na trama, acompanhamos a vida de Jolene. Mãe,
esposa e militar dedicada à carreira.
Seu casamento não vai nada bem. Inclusive, ela e o
marido trocam palavras ofensivas pouco antes de a vida da família toda mudar.
Isso acontece quando ela e sua melhor amiga, Tami,
companheira de exército, são convocadas para lutar ao lado dos Estados Unidos
na guerra do Iraque.
“Afastou
devagar a mão do peito e a deixou cair sobre o colo. A seus pés, bolachas-da-praia
brancas secas estavam dispostas em forma de trevo, uma lembrança do último
verão. Ela se abaixou, pegou uma e passou o polegar sobre a superfície porosa.
Então, levantou-se. Estava indo para a guerra” (Pág. 63).
A notícia vem como um choque para a família de
ambas. Porém, as duas fortes mulheres não temem apenas por suas vidas na
guerra, elas temem por aqueles que estão deixando para trás. A incompreensão toma
conta de alguns familiares, assim como o desespero, o que faz com que a partida
para a guerra seja ainda mais difícil.
As duas amigas, Jolene e Tami, trabalham pilotando
helicópteros, o que é uma tarefa difícil na guerra, uma vez que são alvos
frequentes de ataques.
Se a partida para o Iraque e a aceitação por parte
da família – que já não vivia seus melhores dias, devido aos confrontos entre
Jolene e o marido – foram difíceis, muito ainda havia para ser enfrentado.
A guerra muda as pessoas em todos os sentidos e
sempre há muitas perdas.
“Eu
sei o que é sentir dor até os ossos. E eu sei o que é desistir. Não é por aí.
–
Eu era o tipo de pessoa que nunca desistia.
–
Você vai voltar a ser assim” (Pág. 243).
Se Jolene e Tami voltam ou não para suas famílias?
Bem, claro que eu não contaria isso na resenha, mas posso garantir que a
sutileza e, ao mesmo tempo, a força presentes na narrativa vão deixar todos
satisfeitos com o livro do início ao fim.
Michael, o marido de Jolene, é um personagem muito importante
na construção da história. Antes, um pai ausente e focado no trabalho, após a
partida da esposa encontra-se com o terrível desafio de cuidar das filhas de 12
e 4 anos e, claro, seguir com sua carreira de advogado.
Há um caso bastante interessante do qual Michael
está encarregado de fazer a defesa, que também é abordado em alguns momentos no
livro, e que gera cenas e informações importantes como um todo.
Quando você
voltar é mais uma prova da habilidade fantástica que Kristin Hannah tem de
contar histórias que, mesmo distantes da realidade que vivemos, nos fazem
refletir a cada passagem, torcer pelos personagens, sofrer por eles, e aprender
muito sobre a força que cada ser humano tem dentro de si. Mesmo nos momentos
mais escuros.
Trecho: “A noite estava incrivelmente linda: céu estrelado, ondas iluminadas
pelo luar, cercas que pareciam ter brilho próprio. Sabia que, se fechasse os
olhos, viriam à cabeça mil lembranças naquela mesma paisagem, ouviria a risada
das filhas, sentiria uma mãozinha puxando a sua. Adeus. Ela dissera a palavra mentalmente muitas vezes nas últimas duas
semanas. Para vistas, lembranças, momentos, fotos, gente. Passara horas
tentando memorizar tudo aquilo para levar com ela, um caderno de imagens da
vida que deixaria para trás... da vida que a esperaria de volta” (Pág. 85).
Informações:
Título:
Quando você voltar
Autora:
Kristin Hannah
Gênero:
Romance, Drama
Editora:
Arqueiro
Páginas:
352
Borboletas azuis:
Agradecimentos à editora Arqueiro, por ceder o livro para o blog. Saiba mais sobre ele clicando aqui.
4 comentários:
Parece ser um livro lindo mesmo, eu achei estranho as mulheres irem para a guerra e os homens ficarem em casa :P que pensamento machista Senhor kkkkkk vou colocar na lista de leituras
Beijos,
Jhey
www.passaporteliterario.com
Oi Jhey!
Acho que a intenção da autora é provocar esse pensamento mesmo, rs... ela trata mesmo como algo não tão usual e que sofre preconceito o fato de as mulheres irem pra guerra. Dos enviados, quase todos são homens, então não é fácil para as personagens. A leitura com certeza traz muitos aprendizados e reflexões.
Volte sempre!
beijinhos
A capa é linda, sua resenha me chamou atenção...ai ai, mais um livro pra lista de desejados hehehe.
Nossa a Kristin sempre arraza nos livros dela! Aind anão li esse (mas pretendo muito em breve), mas já li Jardim de inverno, o mais novo dela e simplesmente amei!! Ele consegue nos deixar sem palavras e com lágrimas nos olhos!! ótima resenha!
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