Hoje a resenha terá o formato um pouquinho diferente do que costumo usar. Eu amei demais o livro em questão, e separei tantos quotes lindos, que não consegui escolher entre eles para postar. Portanto, não colocarei trechos no meio do texto, mas sim vários quotes imperdíveis no final, além de uma breve consideração sobre o filme. Espero que gostem!
Pat Peoples
acaba de ser retirado de um hospital psiquiátrico por sua mãe, após passar um
tempo, do qual não tem muita noção, nesse “lugar ruim”.
Sua memória está falha e ele, inclusive, não se
lembra dos motivos que o fizeram ser enviado para lá.
Tudo o que sabe é que era casado com Nikki, por
quem é perdidamente apaixonado, e que eles agora estão passando um tempo
separados.
Claro que há um motivo por trás dessa separação e
um grande incidente que o fez ser internado, porém, apenas iremos descobrir a
verdade quando Pat recupera suas memórias, já ao final do livro.
A vida do simpático protagonista, agora vivendo na
casa dos pais, passa a ser dedicar-se a se tornar um marido digno de Nikki. Ou
seja, ele passa a fazer absolutamente tudo o que irá moldá-lo a ser o padrão
que ele sabe que agrada à ex-esposa. Fisicamente, Pat vira viciado em
atividades físicas, já que Nikki gosta de caras fortes.
Por dentro, ele desenvolve várias técnicas na
tentativa de ser uma pessoas mais gentil e agradável, já que sua consciência
afirma que ele não foi um bom marido enquanto estiveram juntos.
A narrativa em primeira pessoa faz com que saibamos
tudo o que está se passando na mente de Pat, que claramente possui alguns
desequilíbrios. Por exemplo, ele corre todos os dias vestindo um saco de lixo.
Para quem o vê parece loucura, mas na cabeça de Pat isso tem uma explicação e
faz todo o sentido.
Dois fatos engraçados e bem abordados durante toda
a trama são o pânico que Pat tem ao ouvir certa música do famoso saxofonista Kenny G, chegando a alegar que o músico
é seu maior inimigo e surtar ao ouvir a canção, assim como sua implicância com
histórias sem finais felizes, incluindo palavras rancorosas contra o renomado
escritor Ernest Hemingway. Mas isso
tudo é porque Pat, segundo ele mesmo, é um cara positivo, que luta por finais
felizes e realmente acredita neles, sobretudo agora, que tenta sempre ver o lado bom da vida.
E em meio aos desajustados dias de Pat, seu melhor
amigo e a respectiva esposa lhe apresentam Tiffany,
uma mulher, assim como ele, com alguns problemas (digamos).
Após um desastroso primeiro momento que passam
juntos, Tiffany passa a segui-lo quando ele corre, exercitando-se pela cidade.
As cenas dos dois juntos, seja correndo em
silêncio, seja confrontando-se com diálogos sem rodeios, são sempre hilárias.
O livro também dá um grande destaque à relação de
Pat com seus familiares. A mãe amorosa, o pai frio e distante, o irmão
carinhoso, que o acompanha em diversos jogos de futebol americano.
A leitura tornou-se uma das mais surpreendentes que
já realizei. Fui dos risos às lágrimas, envolvendo-me com personagens tão carismáticos
e bem construídos, e passando a admirar Pat e Tiffany, justamente por eles
serem tão diferentes. E foi exatamente essa a conclusão que tirei do livro. Na
verdade, todos somos diferentes, e
loucos são aqueles que deixam de ver o lado
bom da vida.
Obs: A adaptação cinematográfica da obra é bem
divertida e merecedora das indicações ao Oscar que possui, porém, para quem leu
o livro, fica claro que as modificações foram gritantes. Não apenas nas cenas,
mas principalmente na caracterização dos personagens. Isso não torna o filme
ruim, apenas faz com que ele seja distante de sua obra de referência. Portanto,
indico a todos que leiam o livro e que vejam o filme, pois ambos são
excelentes, mas, neste caso, devem ser avaliados separadamente (uma dica
recente para quem quer avaliar uma boa adaptação cinematográfica a partir de
uma obra literária, que se manteve fiel e pode ser avaliada em conjunto com a
referência, como complemento uma da outra, é que leia/assista As vantagens de
ser invisível – irei soltar a resenha em breve).
Pat e seu saco de lixo sendo mais uma vez seguidos por Tiffany (cena do filme). |
Quotes preferidos:
“Não vou citar Hemingway tão cedo, nem quero ler
outro de seus livros. E, se ele ainda fosse vivo, eu escreveria uma carta para
ele agora mesmo e ameaçaria estrangulá-lo” (Pág. 23).
Obs: Eu, Fabiane, adoro Ernest Hemingway, mas não
tem como não se simpatizar com a nova terapia de Pat, em busca apenas de
histórias com finais felizes.
“Então digo para Cliff que, desde o jantar, sempre
que visto um saco de lixo e saio de casa para correr, Tiffany está à espera do
lado de fora, usando sua roupa de corrida e uma bandana cor-de-rosa. Muito
educadamente, eu disse a ela que não gosto de correr com outras pessoas e pedi
que me deixasse em paz, mas ela ignorou meu pedido e simplesmente correu a uma
distância de um metro e meio atrás de mim o tempo todo” (Pág. 57).
“Parece triste. Parece com raiva. Parece diferente
de todas as pessoas que conheço – ela não consegue fingir aquela expressão
feliz que os outros fingem quando sabem que estão sendo observados” (Pág. 105).
“Não é uma música tocada por um saxofonista
soprano, é? – pergunto, porque Kenny G é meu inimigo, como vocês sabem”
(Pág.168).
“Eu gosto mesmo de ser o sol, que é exatamente o
que permite que as nuvens tenham um contorno luminoso, o que prova que todas as
coisas têm um lado bom” (Pág. 173).
“Como uma viagem solitária de carro que leva toda a
noite, mas parece ter durado a vida inteira. Ao ver as faixas da estrada
passando a cem quilômetros por hora, seus olhos se tornam preguiçosos e sua
mente vaga pelas lembranças de toda uma vida – passado e futuro, de memórias de
infância a reflexões sobre sua própria morte –, até que os números no relógio
do painel não significam mais nada. Então o sol nasce e você chega ao seu destino
e a viagem é que se torna a coisa irreal, porque aquela sensação surreal
desaparece e o tempo volta a fazer sentido” (Pág. 190).
“Tenho dirigido em direção a você o tempo todo,
querendo apenas uma coisa: nosso reencontro (o restante foi apenas uma parada)”
(Pág. 195).
“Então, estou achando que essa é a parte do meu
filme em que parece que nada vai dar certo. Preciso lembrar a mim mesmo que
todos os personagens de filmes passam por um tipo de período obscuro como esse
antes de encontrarem um final feliz” (Pág. 201).
Informações:
Título:
O lado bom da vida
Autor:
Matthew Quick
Gênero:
Romance
Editora:
Intrínseca
Páginas:
256
Borboletas azuis:
10 comentários:
A capa do livro é diferente... achei interessante. Quanto a resenha, ela nos mostra que o livro é bem escrito, com referências curiosas. E tem até filme já!
Forte abraço, Fabiane.
Sou doida para ler o livro :) E o filme vai estrear amanhã aqui na minha cidade... assisto ou leio primeiro? É muito difícil ter um filme que seja muitooo fiel ao livro néh? Mas só ouço elogios tanto para o filme como para o livro ^^
Amei o último quote <3 tão lindo!
Bjs
Nossa! Estou ficando cada vez mais curiosa com esse livro. Já li várias resenhas e só tenho visto coisa boa. Quero ler logo!
Dá uma passada lá no blog tá rolando sorteio!
Beijos!
Camila - Meu Livro Cor-de-Rosa
http://meulivrocorderosa.blogspot.com.br/
Eu quero muito ler o livro e também ver o filme, mas me irrita bastante quando o roteiro do filme modifica tanto as caractrísticas do livro que mal se reconhece a história a não ser pelo título, acho chato. Também não aprovo a mania das editoras de usar fotos do filme na capa do livro.
Só leio maravilhas desse livro e além disso tem o filme né? Parece ser muito bom, gostaria de conferir.
Adorei a resenha e fiquei S-U-P-E-R curiosa para ler. Sou fã de histórias simples que podem se encaixar no nosso dia-a-dia. Tenho a impressão de que ler esse tipo de gênero literário faz com que eu me sinta completamente “dentro” da história, justamente por podermos colocar algumas situações em nossas rotinas.
bjss
Ouvi falar muito bem do filme e depois dessa bela resenha, acredito que o livro seja muito interessante também, vou conferir com certeza.
Super dimais mesmo esse livro to super afim de eu mesma ler
http://decididaamudar.blogspot.com.br/
Tb amei tanto o livro quanto o filme, mas apesar de vc ter bem mencionado que não dá pra traçar comparativos entre eles, eu confesso que defendi meu apego ao livro em detrimento do filme...rsrs
O livro tem muitíssimas indicações positivas e parece ser bem atraente. É um dos próximos da minha lista.
Postar um comentário