Eu li Cavalo
de Guerra já tendo assistido ao filme de mesmo nome, mas confesso que, em
nada isso atrapalhou a emoção de ler as linhas escritas por Michael Morpurgo.
O livro é simples, curto e mais rápido do que se pode
imaginar, mas condizente com sua proposta, que é a literatura infantojuvenil.
Nele, temos a narrativa em primeira pessoa feita
pelo cavalo Joey. É isso mesmo, o cavalo narra a história. Minha surpresa foi
muito grande, pois confesso que esperava um livro em terceira pessoa. Mas, de
forma alguma, a escolha do autor foi errada, pelo contrário, foi uma grata
surpresa, pois a narrativa de Joey traz a sutileza necessária para a obra, e
ainda cumpre o belo papel de despertar no leitor o grande amor por sua espécie,
seus sentimentos e sofrimentos.
Joey é um cavalo comprado quando ainda pequeno em
um leilão. Para seu pesar, seu novo dono não era nada agradável, porém, tinha
um filho, Albert, que se tornaria seu grande amigo.
Albert é sempre gentil e o trata com carinho, além de
protegê-lo do pai, principalmente quando este chega em casa embriagado.
Com o tempo, o pai exige que Albert treine Joey
para os trabalhos da fazenda em que vivem, e, assim, Joey se torna um animal de
trabalho, principalmente tração.
As coisas mudam quando a guerra chega, e o pai de
Albert aproveita a oportunidade de ganhar o dinheiro de que estava precisando
através da venda de Joey para a cavalaria.
Assim, de animal de fazenda, Joey é treinado para
ser um cavalo de guerra. E se torna excelente em sua nova função, ficando na
linha de frente da batalha, ao lado dos ingleses.
“Cada
hora de marcha nos aproximava mais e mais dos distantes disparos de canhão e
agora, já noite, o horizonte se iluminava com sinalizadores cor de laranja de
um extremo ao outro. Eu ouvira tiros de rifle no quartel, e isso não me
incomodara nem um pouco, mas o crescente estrondo dos canhões dava-me arrepios
de medo e transformava o meu sono numa sucessão de pesadelos entrecortados”
(Pág. 48).
Na guerra, longe de Albert e da fazenda, e em meio
a batalhas sem fim, muitas coisas acontecem na vida do amável Joey.
Descrevê-las aqui tiraria as surpresas que há na narrativa, mas que acontecem
de forma rápida, justamente por ela ser curta. O principal a se dizer é que a
vida de Joey na guerra não é fácil. Muitas pessoas cruzam seu caminho, ele
também faz amizade com o fiel cavalo Topthorn, que muito o ajuda, e, claro,
sofre também danos físicos com as batalhas.
O final é muito aguardado, para revelar-nos se Joey
e Albert se encontrarão novamente.
O livro é uma graça e nos conduz à reflexão sobre o
amor e os cuidados aos animais e sobre as guerras, que tanta destruição trazem
ao nosso mundo. Além de ser uma lição sobre amizade e lealdade e de como lidar
com as perdas. Leitura recomendada e aprovada para todas as idades. E não
deixem de assistir ao filme baseado na obra, que também é maravilhoso.
Curiosidade: Cavalo
de Guerra foi adaptado para o cinema em 2012, sob a direção de Steven
Spielberg, tendo sido indicado ao Oscar em seis categorias.
Trecho: “O posto de primeiros socorros, que ficava atrás da linha de frente,
estava lotado de feridos, de modo que tivemos de trazer uma carga muito mais
pesada do que o normal. Felizmente, o caminho de volta era uma descida. De
repente, um dos homens lembrou-se de que era manhã de Natal, e todos começaram
a entoar cantos natalinos. A maioria dos feridos estava cega devido ao gás.
Alguns gritavam de dor, outros cantavam, percebendo que nunca mais voltariam a
enxergar. Naquele dia, fizemos muitas viagens e só paramos depois que o
hospital ficou lotado” (Pág. 84).
Informações:
Título:
Cavalo de Guerra
Autor: Michael Morpurgo
Gênero: Romance, Ficção infantojuvenil
Editora:
Martins Fontes
Páginas:
184
Borboletas azuis:
6 comentários:
Achei o filme lindo, mas ainda não li o livro.
Que surpresa saber que é o Joey que narra a história, vou amar lê-lo.
Beijos!!!
P.S: Corações em fase terminal está me surpreendendo
ainda não li o livro e muito menos o filme, mas fiquei bem intrigada e instigada a ler. Resenha ta otima :)
Estou com o filme em casa, não assisti ainda porque sempre coloco outros filmes na frente, semana passada descobri que tem o livro e eu não sabia, agora que você resenhou, fiquei mais curiosa com o filme e o livro também.
Não li o livro nem vi o filme, mas pretendo ler. Quando li a resenha, me lembrei de um livro que li,Black Beauty, e isso só aumentou meu interesse pelo livro.
Sério que é o cavalo quem narra a história? Q legal!!! Eu vi o filme e gostei, apesar de ter achado que poderia ser + curtinho, chegou uma hr que não tinha + posição pra ficar na poltrona...rsrs E foi bem relevante vc ter falado que tem um enfoque infantojuvenil, pq meu irmão ama cavalos e eu tinha pensado em dar o livro de presente pra ele, mas o cara já passou dos 40...rsrs
Eu assisti ao filme e amei. Agora preciso ler o livro, pois tenho certeza que vou adorar. sua resenha está muito boa.
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