O Caso Rembrandt vai
muito além do que se espera ao ler sua sinopse. A pintura de Rembrandt roubada
e o homem morto para protegê-la são apenas o início de uma trama que, da
premissa de ser um bom suspense, acaba se tornando uma grande narrativa
histórica sobre espionagem.
Se você não gosta de livros que abordem fatos tristes sobre
o Holocausto da II Guerra Mundial ou sobre os conflitos no Oriente Médio,
dificilmente irá gostar de O Caso Rembrandt, visto que ele aborda de forma
única os dois períodos históricos.
Gabriel Allon é um
ex-espião e assassino israelense que, após sofrer um atentado, decide se
aposentar e viver discretamente em um penhasco na Cornualha com a esposa.
Sendo Allon o célebre personagem criado pelo autor Daniel Silva, já é de se esperar que
seus planos de aposentadoria não dêem muito certo.
Isherwood, um antigo amigo de suas épocas de plena ação, vai
ao seu esconderijo pedir-lhe ajuda para encontrar uma pintura que fora
recentemente roubada e cujo restaurador morrera tentando protegê-la. Trata-se
do quadro (fictício) Retrato de uma jovem,
um original Rembrandt.
Saindo de seu rápido isolamento, Allon volta à ativa e começa
a investigar o quadro, ciente de que, para encontrá-lo, terá de obter respostas
em seu passado, através da vida de seus antigos donos.
Assim, somos envolvidos, junto de Gabriel Allon, em uma triste
história sobre a perseguição de judeus na Holanda, já que um dos últimos donos
do Rembrandt havia sido morto em tal ocasião. Em seguida, já com muitas novas informações,
Gabriel parte para Buenos Aires, para o Oriente Médio e, então, retorna à
Europa, cheio de planos e com uma equipe formada pelos melhores profissionais
no ramo da espionagem, uma vez que o roubo do quadro passou a ser questão de
conflitos internacionais de interesse de vários países.
O livro tem momentos complexos e muitos personagens. Esse
excesso de personagens, nomes e tramas acaba por ser um pouco confuso, mas,
lendo-se com atenção, isso só torna o livro ainda mais rico, com abundantes
fatos históricos e até alguns personagens não-fictícios.
“No outono de 1941, com o continente tomado pela guerra, Hitler e seus
capangas mais antigos decidiram que os judeus deveriam ser exterminados. A
Europa tinha que ser expurgada de leste a oeste, com Eichmann e seus ‘especialistas’
operando as alavancas da morte. Os saudáveis eram usados para trabalho escravo.
Os outros – jovens demais, velhos, doentes e inválidos – eram imediatamente
sujeitos a um ‘tratamento especial’. Para 9,5 milhões de judeus vivendo sob o
domínio alemão direto ou indireto, foi uma catástrofe, um crime inimaginável”
(Pág. 86).
Se as questões a respeito do Holocausto ganham espaço na
trama, pode-se afirmar que as questões do Oriente Médio ganham ainda mais.
Infelizmente, para não estragar surpresas, não posso contar
exatamente qual é o envolvimento do local com o quadro desaparecido de
Rembrandt, mas posso garantir que para aqueles que gostam de informações
históricas reais e de momentos eletrizantes de espionagem, a trama se torna
ainda melhor quando o envolvimento com o Oriente Médio fica mais claro.
Nada disso é esperado quando se pega o livro nas mãos,
aguardando uma busca incessante por um quadro desaparecido. Aqui fica meu
alerta de que a história vai muito além disso – fato que agradará uns e
desagradará outros. Trata-se de uma história forte, com pinceladas
não-fictícias e cenas impecáveis.
O final é bem construído e, de certa forma, surpreendente.
Podendo-se assim dizer que o autor norte-americano (apesar de o nome soar
brasileiro) Daniel Silva tem um talento imenso para contar histórias de
suspense e perseguição. Irei aguardar ansiosa pela oportunidade de conhecer
mais de seus títulos.
Trecho: “Pensou que ele merecia, sim, ter seus
assuntos mais íntimos invadidos, mas não pôde deixar de se sentir inquieta
quanto aos ilimitados poderes de vigilância detidos pelos serviços de
inteligência mundiais. A tecnologia móvel tinha dado aos governos a capacidade
de monitorar as palavras, os e-mails e, até certo nível, mesmo os pensamentos
dos cidadãos como num filme de ficção científica. O admirável mundo novo tinha
chegado” (Pág. 212).
Informações:
Título: O Caso Rembrandt
Editora: Arqueiro
Autor: Daniel Silva
Gênero: Suspense
Páginas: 304
Para saber mais, clique aqui.
Borboletas azuis:
5 comentários:
adorei, fiquei afim de ler o livro viu
Não que eu não seja chegada a livros que abordem essas guerras, o que não curto muito é o drama que muitas vezes o autor nos passa com esses fatos. No entanto O Caso Rembrandt, me parece ser um livro repleto de suspense e misterios que vão deixar o leitor grudado do inicio ao fim =D
Bjs
daimaginacaoaescrita.com
de um tempo para cá tenho lido alguns livros de suspense e policial e tomei gosto pelo assunto :)
Com esse não foi diferente e gostei bastante da sua resenha :)
http://autoracarolinaribeiro.blogspot.com
Parece muito interessante, gosto de livros policiais, com final surpreendente então nem se fala.
Oi queridos,
esse livro é demais mesmo!
Quando realizarem a leitura, voltem e dividam suas opiniões comigo!
Beijoss
Fabi
Postar um comentário