Resenha - A Linguagem das Flores

7 comentário(s)

“...o poder de uma boa história.” Frase escrita nos Agradecimentos, ao final de A linguagem das flores. E é isso que resume o livro em questão.
Mais que uma resenha, este é um depoimento de leitora.
Enquanto escritora, que também sou, eu acredito muito no poder de uma boa história, no poder das palavras, e isso ficou claro ao final do livro de Vanessa Diffenbaugh.
Temos aqui uma história simples, muito simples. Sem grandes suspenses ou reviravoltas que, confesso, no meio da narrativa, chegaram a cansar-me um pouco e a deixar-me com a sensação de que eu esperava mais de um livro que vem sendo muito comentado nos últimos meses e que me encantou por sua sinopse e por sua capa – maravilhosas!
Mas devo me redimir com a história e com seus personagens. Se, em algum momento, eu esperei mais de A linguagem das flores, o que eu não esperava de verdade era me emocionar tanto em seu final. E o mais lindo de tudo: em seu final simples. Tudo é simples nesse livro – aí reside o poder IMENSO de sua mensagem.
O enredo se passa no norte da Califórnia. Conhecemos a protagonista, Victoria, com dezoito anos, sendo emancipada de um abrigo estadual, após passar por vários lares adotivos e sempre ser rejeitada por suas famílias. Devido a seu temperamento extremamente difícil, a jovem torna-se uma desempregada, sozinha no mundo e, em pouco tempo, uma sem-teto, que passa a viver em uma praça, na companhia de suas flores.
O livro é dividido em quatro partes, cada uma delas subdividida em capítulos. Estes são alternados: um capítulo se passa no presente: enquanto acompanhamos a vida de Victoria, de sem-teto à funcionária de uma floricultura, desenvolvendo seu dom junto às flores; e o outro capítulo alternado se passa no passado: vamos conhecendo a vida de Victoria criança, quando foi adotada por Elizabeth e viveu por um ano com a mulher em uma propriedade com um vinhedo. Foi durante esse um ano que Victoria aprendeu tudo sobre a linguagem das flores, e foi nesse único lar que ela realmente desejou estar, antes de cometer, talvez, seu maior erro, e voltar para orfanatos.
Esse esquema de capítulos alternados tem um lado bom e um ruim. O ponto positivo é que é uma leitura que não cansa. Entretanto, quando a história engrena e ficamos ansiosos por seu desenrolar, surge um novo capítulo, cortando seu fluxo e alternando a narrativa. Não creio que isso comprometa a história. Foi uma opção da autora e, com certeza, tem muitos méritos. Aliás, a autora em si tem muitos méritos. Sua descrição é rica. É difícil pensar que o vinhedo não exista. Eu quase me sinto aprendendo a degustar as uvas com Elizabeth e Victoria quando chega a época de colheita.
É em sua nova profissão de florista, que Victoria conhece um rapaz no mercado de flores, que também compreende as mensagens que as plantas transmitem. Esse rapaz, que, na verdade, já esteve presente em algumas cenas de seu passado, é fundamental para a história, não apenas como co-protagonista de um suave romance, mas como um dos poucos personagens capazes de amá-la e aceitá-la com seus defeitos. Coisa que nem ela fazia.
A linguagem das flores é um livro de romance, sim. Mas acima de tudo é uma jornada em que aprendemos a respeitar uma protagonista tão inquieta e sem raízes, que muitas vezes nos pegamos odiando suas atitudes, até percebermos que ela também se odeia pelo que faz, pelos erros que comete e que acabaram por afastar todas as pessoas de seu convívio e, no fim, vemos a mesma Victoria, cheia de erros, ainda com sua essência teimosa e desajeitada, ir de encontro a seu destino, com medo, mas sem olhar pra trás, deixando-se ser amada verdadeiramente. Assim, concluo, dizendo que, A linguagem das flores, é um romance, é uma jornada de autodescobrimento, que nos levam a um final emocionante e cheio de reencontros – até mesmo de Victoria com seu eu mais profundo esquecido anos atrás – mas, acima de tudo, o livro é algo difícil de se encontrar entre a literatura; é algo que me fez pensar e repensar sobre meus próprios sentimentos e me fez refletir na beleza do amor mais puro que existe: o amor entre mãe e filha. Musgo – significado: amor materno.

Informações:
Título: A linguagem das flores
Subtítulo: Qualquer pessoa pode se transformar em algo belo
Autora: Vanessa Diffenbaugh
Editora: Arqueiro
Gênero: Romance
Páginas: 304

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7 comentários:

Leandro de Lira disse...

Sou louco para ler este livro!
E depois desta resenha, a vontade aumentou ainda mais!
Parabéns pela resenha!

"Palavras ao Vento..."
www.leandro-de-lira.blogspot.com

Mejilla disse...

Quero muito ler esse livro, é um contexto novo de leitura e ainda aprendemos sobre uma coisa linda que a comunicação das flores.
Beijos
ótima resenha!

Profano Feminino disse...

Já vi várias vezes este livro e confesso que nunca me chamou a atenção, mas lendo sua resenha e toda essa coisa singela que ele parece ter me fez querer ler-lo. Ótima resenha.

Anônimo disse...

Ah que resenha lindona! Eu amei esse livro, acho que ele foi um presente muito surpreendente para mim esse ano. Amei a resenha amiga! Cheia de emoção e sinceridade.

Beijos!!!

http://escritasobreatela.blogspot.com/

Fabiane Ribeiro disse...

Obrigada queridos!

Fico muito feliz que tenham gostado da resenha. Eu indico demais esse livro! É realmente muito especial!

Amanda Melanie disse...

Só tenho lido resenhas positivas a respeito deste livro, mas a sua resenha me conquistou.
Agora eu, definitivamente, preciso ler este livro!!!! *-*
Parabéns pela incrível resenha, Fabi!

Beijones,
Amanda Melanie
Literatura em Série
@LiteraturaSerie

Fabiane Ribeiro disse...

Oi Amanda!
Que bom, obrigada!
Leia mesmo.. é um livro simples, sobre a beleza do amor... vale a pena!
Beijos!!

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