“Porque
acredito mesmo que grande parte das doenças seja resultado de emoções
reprimidas”.
Já li livros do Paulo Coelho para todos os gostos:
muito bons (como Na margem do rio Piedra eu sentei e chorei), bons (O
Alquimista; Brida), medianos (Verônica decide morrer, por exemplo), e até mesmo
fracos (como As Valkírias), entre outros. Ou seja, ele não é um autor cujas
obras sempre me encantam, apesar de algumas delas terem me trazido boas
reflexões. Quando recebi a proposta da editora Sextante, parceira do blog, para
ler em primeira mão o novo livro do autor, que já está gerando bastante
polêmica, não pensei duas vezes. Queria ler e tirar minhas próprias conclusões
a respeito de mais essa obra do autor nacional mundialmente consagrado por suas
obras místicas, intensas, e que nem sempre agradam a todos, mas que certamente
geram polêmicas.
O romance Adultério, considerando minha rápida
classificação anterior (que obviamente é subjetiva), estaria no grupo dos
medianos, e nos próximos parágrafos explicarei os motivos.
Na obra, acompanhamos a trajetória de Linda, uma
mulher na casa dos 30 anos, casada e mãe de família, cujo marido está na lista
dos 300 homens mais ricos da Suíça. Ainda assim, apesar de ter a vida perfeita,
com a qual muitos sonham, ela não é feliz.
Linda sente uma espécie de vazio, uma sensação
atormentadora de que já atingiu tudo em sua vida e nada nunca mais irá mudar ou
lhe surpreender.
Porém, antigos e novos sentimentos colidem quando ela
reencontra Jacob, seu antigo namorado de adolescência, devido a fins
profissionais.
Assim que o encontra, Linda cede a seus impulsos e
comete o primeiro ato de adultério de outros que estavam por vir.
Apesar da paixão que sente por Jacob, ela não deixa
de amar o marido ou os filhos, mas passa a ver a vida de outros ângulos.
O livro, segundo Paulo Coelho disse em entrevista, é
uma sátira ou mesmo um “flerte” com a onda “50 tons de cinza”. Já aproveito
para deixar aqui registrado que, por possuir conteúdo erótico, ele não é
recomendado aos leitores mais jovens. Porém, o livro é mais que isso.
Em vários momentos, Paulo Coelho faz uma análise
profunda e complexa da vida e dos questionamentos que nos fazemos inevitavelmente
ao longo dos anos. A busca pela felicidade, o propósito da vida, o que nos dá
alegria.
Ao mesmo tempo em que é profundo e certeiro em
diversos aspectos das relações humanas, o livro Adultério peca pelo excesso de
clichês na construção de seus personagens e pela previsibilidade da trama, que
não surpreende ou cativa absolutamente. É um bom livro, mas em qualquer dos
gêneros nos quais tenta se encaixar: erótico, drama, romance, acaba sendo raso.
Entretanto, leva à reflexão em vários momentos e acaba se tornando uma leitura
bastante interessante e merecedora de nosso tempo.
Trecho: “Depois
de certa idade, passamos a usar uma máscara de segurança e certezas. Com o
tempo, essa máscara gruda no rosto e não sai mais. Quando crianças aprendemos
que, se chorarmos, recebemos carinho; se mostrarmos que estamos tristes, recebemos
consolo. Se não conseguimos convencer com nosso sorriso, seguramente
convenceremos com nossas lágrimas. Mas já não choramos – exceto no banheiro,
quando ninguém está nos ouvindo – nem sorrimos – só para nossos filhos. Não
demonstramos nossos sentimentos porque as pessoas podem nos julgar vulneráveis
e se aproveitar disso. Dormir é o melhor remédio” (Pág. 46).
Informações:
Título: Adultério
Autor: Paulo Coelho
Gênero: Romance
Editora: Sextante
Páginas: 240
Borboletas azuis:
Agradecimentos à editora Sextante, por ceder o livro para o blog. Saiba mais sobre ele clicando aqui.
1 comentários:
Eu não gosto muito de livros hot, como o 50 tons, mas sou fã do Paulo coelho. Vou ter q dar uma chance a este....
obrigado pela resenha, fiquei interessado.
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