“Em
vez de acreditar que o que acontece de ruim é um pesadelo do qual você vai
acordar, você acha que as coisas boas é que são uma ilusão”.
Lançado originalmente em 2005, O Inocente pode não ser o trabalho mais recente de Harlan Coben,
mas sem dúvidas é um dos mais notáveis. Ele acaba de ser relançado no Brasil
pela editora Arqueiro.
Como fã declarada de Coben e suas histórias muito bem
elaboradas de suspense e com personagens marcantes, eu tenho vários de seus
livros dentre meus favoritos. O Inocente
é mais um deles, pois é uma obra brilhante. Tão bem construída, que até mesmo
aqueles que não são muito fãs de literatura policial irão se envolver com a
história infeliz de Matt.
Falando em infeliz, vamos agora falar da trama
central. Matt era um jovem cheio de sonhos, criado por uma boa família, e que
agora estava na universidade, estudando para se tornar advogado. Porém, em uma
festa, sua vida se transforma em uma tragédia. Ele se envolve em uma briga e,
mesmo que não tenha sido exatamente sua culpa, ele é condenado e preso pela
morte de um outro rapaz envolvido.
Então, a história nos leva para quando Matt sai da
prisão e tenta reconstruir sua vida anos mais tarde. Casado com uma bela
mulher, que agora está grávida, e pronto a se mudar para uma boa casa, Matt é
surpreendido por uma foto e um vídeo que chegam em seu celular e que mostram
que sua mulher não parece ser quem ele pensa.
Claro que Matt vai atrás de respostas, e, enquanto
isso, a história também nos mostra o caso de uma freira que fora assassinada e
que também não era quem dizia ser. A investigação rola solta, no melhor nível
das descrições e dos detalhes conduzidos nas narrativas de Harlan Coben.
Envolvendo policiais, investigadores e detetives particulares, os casos de Matt
(e sua investigação a respeito da esposa) e da freira assassinada se ligam em
determinado momento da história, gerando ainda mais reviravoltas e perguntas.
Cada vez mais perguntas são feitas, aliás, antes das respostas, e é isso que
abrilhanta a trama. A profundidade da história e as camadas escondidas pelos
diversos personagens.
Matt é extremamente bem construído. Tudo o que viveu
na cadeia, durante os anos em que esteve preso, mudaram sua forma de encarar a
vida. Mudaram, inclusive, toda sua família, que foi devastada pela tragédia.
Ele é um personagem complexo, que enfrenta no dia a dia o maior dos pesadelos:
voltar a ser preso. E isso se torna cada vez mais possível, uma vez que, além
dos preconceitos que enfrenta e das dificuldades de se adequar novamente à
sociedade, o ex-presidiário também tem de lidar com cada vez mais mistérios que
envolvem o passado da esposa, comprometendo-se com uma rede de crimes.
Livro genial, cheio de surpresas, com bons diálogos, personagens
marcantes e a narrativa ágil e inteligente de Coben. Um excelente representante
da literatura policial de alta qualidade.
Trecho: “Matt
observou-a se afastar e permaneceu parado à porta por algum tempo. Sentia o
coração leve. Estava feliz de verdade, o que para ele era assustador. Tudo o
que é bom dura pouco. Quando você mata uma pessoa e cumpre uma pena de quatro
anos num presídio de segurança máxima, logo aprende isso. As coisas boas eram
tão frágeis e tênues que podiam ser destruídas por um sopro. Ou pelo toque de
um telefone” (Pág. 25).
Informações:
Título: O Inocente
Autor: Harlan Coben
Gênero: Suspense
Editora: Arqueiro
Páginas: 336
Borboletas azuis:
Agradecimentos à editora Arqueiro, por ceder o livro para o blog. Saiba mais sobre ele clicando aqui.
2 comentários:
Bela resenha, me deu até vontade de ler o livro =D
Se esse trecho ai é o melhor que esse autor pode presentear seus leitores, eu o consideraria muito mesquinho. Quanto clichê: "As coisas boas eram tão frágeis e tênues que podiam ser destruídas por um sopro. Ou pelo toque de um telefone”. Parece frase de Facebook. Pode até fazer sentido na estória. Mas se isso ai é o melhor em meio a trezentas e tantas páginas, descarto-o sem remorso.
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