Resenha - O Torreão

5 comentário(s)

O Torreão é um livro mágico e encantador.
Realizei a leitura rapidamente, estava presa à cada página do livro, ou melhor, a cada cantinho daquele torreão.
A narrativa se alterna durante o livro. Vamos falar primeiro das partes que são em terceira pessoa.
Tais partes narram a chegada de Danny a um castelo medieval no interior da Europa dos dias atuais. Ele vai para o local ajudar o primo na reforma, para que aquilo se transforme em um hotel. Mas Howard, o primo, tem ideias que julga inovadoras, querendo transformar o local em uma espécie de refúgio, para o qual os hóspedes vão para pensar e exercitar a imaginação, livres de qualquer meio eletrônico, o que já se revela um tormento para Danny, que é viciado em tecnologia.

“Howard: Pense nos tempos medievais, Danny, na época em que este castelo foi construído. As pessoas viviam vendo fantasmas, tendo visões (...). Nós não vemos mais essas coisas. Por quê? Será que tudo isso acontecia antigamente e de repente parou? Pouco provável. Será que na época medieval todo mundo era maluco? Duvido. Mas a imaginação deles era mais ativa. A vida interior deles era rica e estranha” (Pág. 50).

O passado dos primos guarda lembranças dolorosas que claramente não foram esquecidas.
Mas lembranças também estão guardadas por toda parte daquele castelo.
No torreão vive uma baronesa, descendente legítima da família que viveu no castelo durante séculos, ela vive enclausurada e é completamente contra a reforma. Suas aparições são sempre misteriosas e não fica claro na narrativa se ela realmente existe.
Aliás, algo dessa história é real, ou é tudo imaginação?
Essa dúvida é a grande premissa trabalhada pela autora Jennifer Egan de forma magistral. Durante toda a narrativa não sabemos o que é realidade, fantasia, imaginação, sonho...
Aí está a beleza do texto.

“Danny não conseguia tirar o sorriso da cara. Não só porque a baronesa era excêntrica e ele gostava de excêntricos, mas porque o que ela estava dizendo tinha um efeito sobre ele, enchia seu cérebro de reis e cavaleiros e caras que travavam batalhas a cavalos. Aquilo sempre pareceu irreal para Danny, como se só existissem em livros ou em jogos, mas ali estava uma senhora ligada a tudo aquilo por uma fina cadeia de anos e dias e horas e minutos” (Pág. 88).

Além de toda essa beleza medieval do castelo, dos segredos que ele esconde e das metáforas que transbordam no texto, há também passagens no livro que se dão em primeira pessoa, narradas por Ray, um presidiário que frequenta aulas de escrita.
Nessas passagens, somos levados ao dia a dia da prisão, conhecendo alguns personagens que acompanham Ray, além de suas aulas. E tudo isso gera ainda mais desconfianças sobre a realidade das passagens no castelo... será tudo real ou será uma história criada por Ray? Ou então, alguma forma de devaneio ou fantasia?
A resposta é complexa, e nos leva a uma grande viagem antes de ser revelada.
A única certeza que tive ao fechar o livro é que sou fã de Jennifer Egan.

Trecho: “Danny achava que seu coração era esse local fortificado, mas agora ele tinha uma palavra melhor: o torreão. O próprio torreão dentro dele, onde seus tesouros ficariam guardados e ocultos, caso o castelo fosse invadido. O que deveria entrar no torreão de Danny?” (Pág. 147).

Título: O Torreão
Autora: Jennifer Egan
Gênero: Ficção
Editora: Intrínseca
Páginas: 240

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5 comentários:

Lucas disse...

Eu não imaginava uma leitura com essa abordagem, fiquei bastante curioso para conferir e com certeza será uma das minhas proxímas compras.

Cris Aragão disse...

Eu também gostei muito desse livro, a maneira como ela une as duas histórias no final é muito bem bolada e interessante.

Fabiane Ribeiro disse...

Oi queridos!

Lucas, se tiver a oportunidade, leia O Torreão sim. E qualquer outro livro da autora, ela é fantástica!

Cris, que bom que também gostou da leitura. Realmente o final é demais.

Beijos!

Tânia Regina disse...

Gostei da resenha, demonstra que o livro é bem interessantte. Obrigada!

Fabiane Ribeiro disse...

Eu que agradeço pela visita ao blog, Tânia!
Beijos!

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