Amor, amizade e educação.
Essas três palavras descrevem a bela obra escrita por Andrea
Hirata, que ganhou o mundo todo.
O livro, que tem como inspiração biográfica a vida do
próprio autor, se passa na ilha de Belitung, Indonésia, e tem como pano de
fundo o direito à educação que todo ser humano tem.
Uma narrativa emocionante, realizada em primeira pessoa pelo
personagem Ikal, sobre os dramas de uma escola que está para fechar caso não
alcance o número mínimo de dez alunos matriculados.
As primeiras cenas são de partir o coração, mostrando o
desespero das nove crianças matriculadas, visto que suas famílias fizeram
grande sacrifício para garantir-lhes os estudos em vez de colocá-los para
trabalhar – o que era comum na ilha. Porém, a turma é salva pela chegada tardia
do décimo aluno e, assim, o ano letivo pode começar.
A narrativa é realmente uma jornada, na qual nos vemos
ambientados em Belitung, com direito a jacaré na estrada e crenças locais, tudo
isso nos envolvendo ainda mais na história. Além disso, os problemas e desafios
que a turma enfrenta para manter a escola aberta e seu direito à educação
aproximam o leitor a uma triste realidade. As condições da escola eram
precárias, com paredes e teto desabando, animais entrando na sala de aula, além
da escassez de recursos e materiais, mas eles amavam tanto aquele lugar que
lutaram por ele até o fim.
Nesses momentos nos perguntamos se os problemas que
enfrentamos são realmente problemas, comparados a tantos outros que existem
pelo mundo.
“A vida é o que acontece quando você está ocupado fazendo outros planos!”
(Pág. 260).
Há muitas mensagens na narrativa.
Selecionei alguns trechos que as demonstram:
O valor da amizade:
“Naquele momento percebi que éramos todos irmãos da luz e do fogo. Juramos
ser fiéis em meio aos relâmpagos e furacões de revirar montanhas. Nosso juramento
foi escrito nas sete camadas do céu, testemunhado pelos misteriosos dragões que
governam o mar da China. Juntos, éramos o mais belo arco-íris criado por Deus”
(Pág. 247).
A importância de nossos
professores e da educação que nos transmitem:
“Usando palavras humildes, poderosas como pingos de chuva, ele nos
transmitia a essência da correção da vida simples. Inspirava-nos a estudar e
nos deslumbrava com seu conselho de que jamais cedêssemos frente às
dificuldades. A primeira lição que Pak Harfan nos deu foi sobre buscarmos
nossos sonhos com vontade e convicção. Ele nos convenceu de que a vida podia
ser feliz mesmo na pobreza, desde que se tivesse a coragem de, em vez de
receber, dar o máximo possível” (Pág. 22).
A doçura do primeiro
amor:
“As únicas coisas em minha mente eram a garota das unhas divinas e o
momento mágico em que fui capturado pelo amor. Podia acontecer qualquer coisa –
um castigo cruel só adoçaria meus sentimentos românticos. Estava disposto a
entrar no poço da morte por minha amada” (Pág. 109).
Esses foram exemplos, pois, no geral, o livro traz inúmeros
e imensos aprendizados sobre a vida.
Como pontos negativos, devo admitir que, apesar da beleza da
história, em alguns pontos, a narrativa fica um pouco arrastada, chegando a ser
cansativa no meio do livro. Isso é devido ao ritmo que ela assume, mas não tira
a emoção das páginas.
Por outro lado, um dos pontos mais positivos são os personagens,
super carismáticos.
Temos os dois professores, Pak Harfan e Bu Mus. Esta sempre
afirma que perder um aluno é como perder metade da sua alma. E o mais lindo de
tudo é que, no final, o narrador conta que o livro foi escrito para ela. Uma
vez que, durante um momento difícil, ele prometera-lhe isso.
Os onze alunos são bem caracterizados e ficamos sabendo da
vida pessoal de quase todos, principalmente dos dramas que enfrentavam para
continuarem na escola. O mais importante, além do narrador, é Lintang, um menino
muito especial, que, por morar longe, acordava de madrugada e pedalava
quilômetros em uma estrada perigosa para chegar até a escola e, mesmo assim,
não perdia as aulas. Ele foi responsável por garantir à pequena e ameaçada
instituição o primeiro prêmio que ela recebeu.
Assim, finalizo deixando um trecho que mostra Lintang logo
no início da narrativa, já preparando o leitor a respeito de sua importância.
Leitura indicada a todos! Super fofa, emocionante e capaz de
levar à reflexão!
“O caderno que Lintang trouxera também era do tipo errado [...]. Porém,
o que jamais esquecerei é que, naquela manhã, vi um garoto do litoral, meu
companheiro de carteira, segurar um caderno e um lápis pela primeira vez. E,
nos anos seguintes, tudo o que ele escrevesse seria fruto de uma mente
brilhante e cada frase que pronunciasse seria como um raio de luz. Com o passar
dos anos, aquele menino pobre do litoral venceria a nuvem carregada que por
tanto tempo encobria nossa escola e se tornaria a pessoa mais brilhante que já
conheci em toda a minha vida” (Pág. 16).
Informações:
Título: Guerreiros da Esperança
Subtítulo: Onze crianças e o sonho de que a educação mude
suas vidas
Editora: Arqueiro
Autor: Andrea Hirata
Páginas: 288
Borboletas azuis:
Agradecimentos à editora Arqueiro, por ceder o livro para o blog. Saiba mais sobre ele clicando aqui.
3 comentários:
Olá Fabi,
esse livro ele é bem interessante.
Parece ser aquele tipo de livro que você
sempre leva um aprendizado para a vida.
Muito boa a resenha! +_+
Já li a sinopse dele a algum tempo e me encantei. Adorei saber que a história é realmente tão linda quanto promete ser. Ótima resenha, parabéns!
Beijos!
Camila - Meu Livro Cor-de-Rosa
http://meulivrocorderosa.blogspot.com.br/
Oi queridos!
Obrigada pelas visitas!
Lucas, é isso mesmo. Ele realmente traz muitas lições, vale muito a pena!
Camila, que bom que gostou da resenha, espero que tenha a oportunidade de lê-lo!
Beijos!!!
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