A Dica Nacional de hoje está imperdível! Recomendo que leiam a entrevista na íntegra, feita com a autora Érica Bombardi, pois está super interessante! Confiram e conheçam mais essa obra brasileira!
Entrevista com a autora:
1. Érica,
primeiramente, obrigada pela entrevista. Você poderia começar contando um pouco
sobre seu livro de estreia, “Além do deserto” (Fatum #1)?
Obrigada a
você, Fabiane. Além do deserto é uma aventura de fantasia para jovens
leitores. É a história de Mikail e Thera em busca de seus sonhos, no caminho
para o combate ao mal que destrói o planeta Fatum.
2. O
que podemos esperar de uma futura continuação da série?
A história
segue com o foco em Nianche e Drielle, dez anos depois. Mas ainda não escrevi. Estou
ainda planejando como serão os próximos volumes. Eles irão existir, sim.
3. Como
foi criar o mundo de Fatum?
Era uma tarde
quente e a água de minha casa tinha acabado. Foi preciso chamar um técnico em
bomba de água e o processo durou uns dois dias. Dois dias sem água. Aquilo foi
horrível. Daí, imaginei, e se fosse assim sempre? E se não tivéssemos água?
Esse foi o “start” para se pensar em um planeta árido. Sobre o nome, Fatum,
veio a seguir, quando comecei a traçar os personagens e a história. Fatum vem
do latim, destino. Fatum não seria um planeta, seria o caminho que traçamos
como nosso destino.
4. Diga
qual o primeiro livro que teve grande impacto em sua vida e por qual motivo.
O primeiro
livro que me lembro de ter me agradado imensamente foi O Caso da Borboleta Atíria,
de Lucia Machado de Almeida. Eu o li e, logo em seguida, reli umas três vezes.
Foi o primeiro livro que me ensinou a reler. Ele me ensinou também que a
leitura pode ser prazerosa.
5. Como
foi a experiência de trabalhar como editora por muitos anos?
Bem, está
sendo. Ainda sou editora, graduei-me como editora pela USP, e acho que nunca
deixarei de ser editora. O que não estou mais é trabalhando dentro de editora.
Isso não descaracteriza a minha profissão. Isso, aliás, é a tendência. As
editoras estão terceirizando sua equipe, até mesmo a equipe de produção. Eu
adoro trabalhar com livros, seja como editora, seja como escritora. É realmente
o que eu gosto de fazer. Hoje eu sou uma editora independente, como
microempresa individual.
Na faculdade,
aprendemos como tudo funciona na teoria. Meu primeiro trabalho foi como
revisora na Edusp, lá aprendi realmente a ser um editor de texto. Meus
trabalhos seguintes ensinaram-me muitas coisas. No meu trabalho mais recente e
duradouro, na Autores Associados, aprendi a prospectar originais internacionais
e nacionais, seleção de originais, produção e divulgação. Agora, como editora
independente, aprendi como funciona o financeiro e o comercial de uma editora.
Gosto de todas as etapas de trabalho em editora, e adoro aprender novas coisas,
é revigorante superar cada desafio.
6. Qual
o choque que você sente, agora analisando o mercado literário pela perspectiva
de escritora? E como essa mudança influencia sua vida?
Antes de
trabalhar em editora, antes de meus 18 anos, eu tinha uma visão totalmente
idílica da vida de escritor. Achava que o escritor era um ser intocável, culto,
focado em sua obra, determinado a escrever uma obra imortal na literatura. O
trabalho como editor, logo nas primeiras semanas, me ensinou a tirar o escritor
do pedestal. Se o editor não fizer isso, ele não ajuda o escritor, nem a obra,
nem o leitor. Aprendi que o escritor elabora o texto, e o editor faz o livro.
Ambos são trabalhos árduos e igualmente importantes. O bom editor não é apenas
o negociante, mas principalmente um intelectual.
O conhecimento
de como era a vida de escritor adquiri nesses anos de trabalho como editora. Eu
via o escritor indo a eventos literários com um público de umas dez pessoas, eu
via os lançamentos de livro com venda de dois ou três exemplares, eu via as
feiras literárias sendo mais comerciais do que intelectuais, vi muitos editores
que preferiam trabalhar com traduções a trabalhar com escritores nacionais.
Quem trabalha no meio editorial, sabe muito bem como é a vida do escritor
brasileiro, sabe como é o mercado, sabe como é o leitor.
Esse caminho de
aprendizagem mudou minha relação com a literatura. Vi que literatura não era
privilégio dos imortais. Literatura era o poema sujo rascunhado no guardanapo.
Todo aquele que tivesse algo a dizer, que soubesse escrever bem, que tivesse
alma literária poderia traçar suas palavras em um livro. Escritor não é aquele
que vende milhões de exemplares, escritor é aquele que escreve. O bom escritor
tem de se “desvincular” do mercado, ele não pode escrever com os olhos fixos na
lista dos mais vendidos.
Meu maior
aprendizado sobre o mercado editorial foi, como disse, quando comecei a
trabalhar como editora. Como editora, aprendi muito sobre o que é editar e
sobre o que é ser escritor perante o mercado. Para escrever, tenho de fechar os
olhos um pouco para isso tudo, me forçar a não escutar o burburinho, tenho de
me forçar a ser pena e papel.
7. Como
foi o processo de publicação do seu livro, sendo ele independente e com apoio
do governo?
Foi uma
surpresa completa. Escrevi o livro em uma brincadeira com minha irmã. Eu
escrevia um capítulo e enviava para ela. Ela foi minha primeira leitora
“opinante”. Foi ótimo. O livro acabou de ser escrito em 2008 e ficou na gaveta.
Em 2011, depois de ter meu segundo filho, digo, logo depois mesmo, algumas
semanas depois, ainda em licença-maternidade, vi a notícia do Edital e resolvi
participar por um impulso louco. E passou. Era o Edital de publicação de obra,
não o edital de publicação da primeira obra. Eu não tinha nem a mais remota
pretensão de ser aceita. Mas fui. Concorri com escritores que já tinham obras
publicadas. Foi surpreendente passar. Ainda entre os meses do anúncio até a
publicação no D.O., “desesperei” e comecei a reler e reescrever o livro. Era o
neném dormir e eu corria para o computador. Fiz umas quatro provas de reescrita
e releitura. Depois fechei o livro de novo, esperei umas duas semanas, e abri o
arquivo com olhos de editor. Aí comecei a produção independente de edição.
Contratei os freelances que eu confiava para preparação de original e
ilustração e segui com a produção. Fora essas duas etapas (e a impressão em
gráfica, lógico), fiz tudo sozinha. Depois de o livro impresso, cuidei da
divulgação, da comercialização e da elaboração de um booktrailer profissional com a equipe da Animar Estúdio, aqui de Campinas (veja aqui). É bastante moroso e desgastante essa etapa de o escritor ter de negociar a
colocação de seu livro em pontos de venda, mas também é um ótimo aprendizado.
Escrevi mais sobre isso neste link.
8. Deixe
aqui um recadinho para todos apaixonados pelo universo literário.
Insista.
A autora por ela mesma:
Graduei-me, em 2000, com Láurea de Excelência
Acadêmica, como bacharel em Comunicação Social, com habilitação em Editoração,
na ECA-USP. Desde a faculdade, trabalho com edição de livros. Além
do deserto é meu primeiro livro.
Conheça mais através dos links:
7 comentários:
Adorei a entrevista com a Erica. Ela parece ser uma mulher de garra. Sabe, a vida de autor não parece fácil, eu admiro muito vocês. A entrevista está ótima e as respostas muito pertinentes. Acho que vou gostar desse livro.
Bjs, Ludmila
Gostei bastante da entrevista, principalmente porque ela como editora pode ter uma visão dupla ao escrever seu livro: tanto de editora quanto de autora. Achei bem diferente o assunto abordado no livro e me interessei bastante ^^
http://autoracarolinaribeiro.blogspot.com.br
Oi Lud e Carol!
Fiquei feliz de saber que gostaram da entrevista.
Estou com o livro aqui para ler e confesso que estou super ansiosa, pois realmente parece ótimo!
Um grande beijo,
Fabi
Gostei bastante do título, da capa e da autora, super simpática! Vou visitar o blogue dela! Bjoss
Obrigada pelos comentários, meninas! abraço, Érica
Super recomento a leitura. É demais meninas. Você começa a ler e não quer parar mais, dá risadas, se emociona. Eu adorei.
Bjos
Thamires
Oi Thamires!
Obrigada por sua opinião!
O livro dela é minha próxima leitura. É ótimo saber o quanto vc gostou dele!!
Grande beijo!
Fabi
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